DRA. THAIS COSTA

A obesidade infantil é um problema crescente em muitos países, afetando a saúde e o bem-estar das crianças. Compreender as causas da obesidade é o primeiro passo para combatê-la de maneira eficaz.

obesidade infantil

Neste texto, vamos explorar cinco causas principais da obesidade infantil, discutir a importância do exercício físico regular, abordar questões como níveis de glicemia, colesterol, esteatose hepática e alterações hormonais, além de considerar o impacto da obesidade no crescimento e no desenvolvimento infantil. Também falaremos sobre o bullying, que muitas vezes afeta crianças obesas.

Dra Thaís Costa é médica pediatra há quase 15 anos. É formada em medicina pela UFBA – Universidade Federal da Bahia , fez residência em pediatria no Hospital Irmã Dulce, em Salvador – Bahia. É membro da Sociedade Brasileira de Pediatria . Tem qualificação em Suporte Avançado de Vida em Pediatria pela American Heart Association.

Ao longo de sua trajetória, trabalhou em diversos hospitais públicos e privados , entre eles HGE, Hospital Santa Izabel, Hospital da Cidade, Hospital Tereza de Lisieux, como emergencista e diarista de enfermaria e berçário. Já fez consultório em grandes clínicas conveniadas e ambulatórios do SUS e faz trabalhos voluntário. Hoje atua em hospital e em consultório particular e mantém alguns trabalhos voluntários.

De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade, o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035. 

Em 2022, 14,2% das crianças brasileiras até cinco anos estavam com excesso de peso, e 31,2% dos adolescentes estavam com sobrepeso ou obesidade.

1. Alimentação Desequilibrada

Uma das principais causas da obesidade infantil é a alimentação inadequada. Muitas crianças consomem grandes quantidades de alimentos processados, ricos em açúcares, gorduras saturadas e sódio. Isso inclui refrigerantes, salgadinhos e fast food. Esses alimentos não apenas aumentam a ingestão calórica, mas também proporcionam poucos nutrientes essenciais. A falta de frutas, verduras e grãos integrais na dieta é um fator que contribui significativamente para o ganho de peso.

pediatra em salvador 
pediatria 
obesidade infantil

2. Sedentarismo

Outro fator crucial na obesidade infantil é a falta de atividade física. Com o aumento do tempo que as crianças passam em frente a telas — como TV, computadores e videogames — muitas não estão se exercitando o suficiente. O sedentarismo não apenas contribui para o ganho de peso, mas também pode afetar a saúde cardiovascular e metabólica das crianças. A recomendação é que as crianças pratiquem pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa todos os dias.

3. Fatores Genéticos

A genética também desempenha um papel importante na obesidade. Crianças com histórico familiar de obesidade podem ter uma predisposição a ganhar peso mais facilmente. No entanto, é importante lembrar que a genética interage com o ambiente. Isso significa que, mesmo que uma criança tenha predisposição genética, hábitos saudáveis podem ajudar a controlar o peso.

4. Influências Sociais e Ambientais

O ambiente em que a criança vive pode influenciar suas escolhas alimentares e níveis de atividade física. A falta de acesso a alimentos saudáveis em algumas comunidades, conhecida como “deserto alimentar”, pode dificultar a adoção de uma dieta equilibrada. Além disso, a falta de espaços seguros para brincar e se exercitar pode limitar as oportunidades de atividade física. É fundamental que as famílias e as comunidades promovam um ambiente que favoreça hábitos saudáveis.

5. Estresse e Saúde Mental

Por último, fatores emocionais e psicológicos também podem contribuir para a obesidade infantil. Crianças que enfrentam estresse, ansiedade ou depressão podem recorrer à comida como uma forma de conforto. Isso pode levar ao consumo excessivo de alimentos, especialmente aqueles que são ricos em açúcar e gordura. A promoção de uma boa saúde mental e emocional é essencial para prevenir e tratar a obesidade.

A Esteatose Hepática em Crianças

Um dos problemas de saúde associados à obesidade infantil é a esteatose hepática, também conhecida como “gordura no fígado”. Essa condição ocorre quando há um acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado, o que pode levar a inflamações e, em casos mais graves, a doenças hepáticas. A esteatose hepática é frequentemente observada em crianças obesas, pois o excesso de peso pode afetar o metabolismo e o processamento de gordura pelo fígado. Crianças com esteatose hepática podem não apresentar sintomas evidentes, mas, com o tempo, a condição pode levar a complicações sérias, como cirrose e insuficiência hepática.

pediatra em salvador 
pediatria 
obesidade infantil

Alterações Hormonais e Impacto no Crescimento

A obesidade infantil pode levar a alterações hormonais significativas, especialmente nos hormônios de crescimento e sexuais. O excesso de gordura corporal pode interferir na produção e regulação desses hormônios, afetando o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.

Crianças obesas podem experimentar um atraso na puberdade ou alterações no ciclo menstrual, resultando em problemas de crescimento e desenvolvimento. Essas mudanças hormonais também podem levar a um aumento da resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

É fundamental que os pais e cuidadores estejam atentos a esses sinais e busquem orientação médica, se necessário, para garantir que a criança receba o suporte adequado.

A Importância do Exercício Físico Regular

Incorporar exercícios físicos à rotina das crianças é vital para combater a obesidade e a esteatose hepática. O exercício ajuda a queimar calorias, fortalece os músculos e melhora a saúde cardiovascular. Além disso, atividades físicas regulares podem ajudar a regular os níveis de glicemia e colesterol, prevenindo problemas de saúde futuros.

Atividades simples, como andar de bicicleta, correr no parque ou praticar esportes, podem ser divertidas e incentivar as crianças a se movimentar. Os pais podem participar dessas atividades, tornando o exercício um momento agradável em família.

pediatra em salvador 
pediatria 
obesidade infantil

Níveis de Glicemia e Colesterol

A obesidade infantil pode levar a problemas de saúde mais sérios, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. Isso ocorre porque o excesso de peso pode afetar os níveis de glicemia e colesterol. Crianças obesas têm um risco maior de desenvolver resistência à insulina, o que pode resultar em diabetes. Além disso, o acúmulo de gordura pode levar a níveis elevados de colesterol, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

É importante monitorar a saúde das crianças, realizando exames regulares para verificar os níveis de glicemia e colesterol. Adotar uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, além de manter uma rotina de exercícios, pode ajudar a manter esses níveis sob controle.

Bullying e Obesidade Infantil

Infelizmente, as crianças que sofrem de obesidade muitas vezes enfrentam bullying e discriminação. Isso pode ter um impacto profundo na autoestima e na saúde mental da criança. O bullying pode resultar em problemas emocionais, como ansiedade, depressão e isolamento social. As vítimas de bullying podem se tornar mais reclusas e, em alguns casos, isso pode até aumentar o comportamento alimentar compulsivo, perpetuando o ciclo de ganho de peso.

É essencial que os adultos — pais, educadores e profissionais de saúde — estejam atentos a essa questão e promovam um ambiente de aceitação e respeito. Conversas abertas sobre bullying, empatia e apoio podem ajudar as crianças a desenvolver uma autoestima mais saudável e uma compreensão mais profunda das diferenças.

Como Combater a Obesidade Infantil

Para combater a obesidade infantil de forma eficaz, é essencial que as famílias, escolas e comunidades trabalhem juntas. Aqui estão algumas dicas para ajudar na prevenção e no tratamento da obesidade infantil:

  1. Promova uma alimentação saudável: Incentive o consumo de frutas, verduras, grãos integrais e proteínas magras. Reduza a ingestão de alimentos processados e bebidas açucaradas.
  2. Incentive a atividade física: Encoraje as crianças a praticar atividades físicas todos os dias. Faça disso uma rotina familiar e crie oportunidades para se exercitar juntos.
  3. Crie um ambiente saudável: Garanta que as crianças tenham acesso a alimentos saudáveis e espaços seguros para brincar e se exercitar.
  4. Eduque sobre nutrição: Ensine as crianças sobre a importância de uma alimentação equilibrada e os efeitos do consumo excessivo de açúcar e gordura.
  5. Promova a saúde mental: Esteja atento ao bem-estar emocional das crianças e ofereça apoio. Atividades como esportes e hobbies podem ser ótimas formas de liberar o estresse.
  6. Envolva a escola e a comunidade: Trabalhe com escolas e organizações comunitárias para promover programas que incentivem a atividade física e a alimentação saudável.

Conclusão

A obesidade infantil é um desafio complexo, mas pode ser combatida com a conscientização e ações adequadas. Conhecer as causas, promover a atividade física e adotar uma alimentação saudável são passos fundamentais para garantir que as crianças cresçam saudáveis e felizes. O apoio das famílias e da comunidade é essencial para criar um futuro mais saudável para as próximas gerações. É importante que todos trabalhem juntos para combater não apenas a obesidade, mas também as questões sociais que podem afetar as crianças, como o bullying, criando um ambiente acolhedor e inclusivo.

SAIBA MAIS EM:

/https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/manual-de-orientacao-sobre-obesidade-na-infancia-e-adolescencia-esta-disponivel-para-os-associados-da-sbp/

/https://amb.org.br/brasilia-urgente/brasil-pode-chegar-a-20-milhoes-de-criancas-e-adolescentes-obesos-em-2035/

/https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_Obesidade_-_3a_Ed_web_compressed.pdf

/https://drathaiscosta.com.br/o-que-faz-um-pediatra/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *