A escarlatina é uma doença infecciosa que afeta principalmente crianças, embora também possa ocorrer em adultos. Ela é causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, a mesma que provoca a faringite estreptocócica. A doença é conhecida por causar uma erupção cutânea vermelha, febre e dor de garganta. Vamos explorar mais sobre a escarlatina, seus sintomas, causas, tratamento e prevenção.
Dra Thaís Costa é médica pediatra há quase 15 anos. É formada em medicina pela UFBA – Universidade Federal da Bahia , fez residência em pediatria no Hospital Irmã Dulce, em Salvador – Bahia. É membro da Sociedade Brasileira de Pediatria . Tem qualificação em Suporte Avançado de Vida em Pediatria pela American Heart Association.
Ao longo de sua trajetória, trabalhou em diversos hospitais públicos e privados , entre eles HGE, Hospital Santa Izabel, Hospital da Cidade, Hospital Tereza de Lisieux, como emergencista e diarista de enfermaria e berçário. Já fez consultório em grandes clínicas conveniadas e ambulatórios do SUS e faz trabalhos voluntário. Hoje atua em hospital e em consultório particular e mantém alguns trabalhos voluntários.
O Que Causa a Escarlatina?
A escarlatina é causada pela infecção por estreptococos do grupo A. Essa bactéria pode ser encontrada na garganta e na pele de uma pessoa infectada. A transmissão ocorre principalmente através de gotículas respiratórias, como quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Além disso, o contato direto com secreções de uma pessoa infectada, como saliva ou muco, também pode espalhar a doença.
Sintomas da Escarlatina
Os sintomas da escarlatina costumam aparecer de 1 a 2 dias após a infecção. Os principais sinais incluem:
- Febre Alta: A temperatura pode subir rapidamente, muitas vezes acima de 38,5 °C.
- Dor de Garganta: A infecção na garganta causa dor intensa e pode dificultar a deglutição.
- Erupção Cutânea: A característica mais notável da escarlatina é uma erupção cutânea que aparece geralmente no segundo dia de febre. Essa erupção é vermelha, áspera ao toque e pode parecer semelhante a queimaduras solares.
- Rosto Ruborizado: Enquanto a pele do corpo pode estar avermelhada, o rosto pode parecer mais pálido, com as bochechas vermelhas.
- Lingua em Framboesa: A língua pode ficar inchada e com uma aparência vermelha intensa, muitas vezes descrita como “lingua em framboesa”.
- Mal-estar Geral: Cansaço, dores de cabeça e falta de apetite são comuns.
Diagnóstico
Se você suspeitar que alguém tem escarlatina, é importante procurar um médico. O diagnóstico geralmente é feito com base nos sintomas e, às vezes, com um teste rápido de garganta para detectar a presença da bactéria. Em alguns casos, uma cultura da garganta pode ser realizada para confirmar a infecção.
Tratamento
A escarlatina é tratável e, na maioria das vezes, a recuperação é rápida com o tratamento adequado. O tratamento inclui:
- Antibióticos: O tratamento padrão é com antibióticos, geralmente penicilina ou amoxicilina. É fundamental completar todo o curso de antibióticos, mesmo que os sintomas melhorem antes.
- Medicamentos para Alívio da Dor: Analgésicos, como paracetamol ou ibuprofeno, podem ser usados para aliviar a febre e a dor de garganta.
- Descanso e Hidratação: É importante descansar e manter-se hidratado durante a recuperação.
A maioria das pessoas melhora em poucos dias após o início do tratamento, mas é essencial seguir as orientações médicas.
Complicações
Embora a escarlatina geralmente seja uma doença leve, pode haver complicações se não for tratada. Algumas delas incluem:
- Infecções Secundárias: A infecção pode se espalhar para outras áreas do corpo, como ouvidos ou seios paranasais.
- Febre Reumática: Essa é uma complicação grave que pode afetar o coração, articulações e sistema nervoso. Ela pode ocorrer algumas semanas após a infecção inicial.
- Glomerulonefrite: Esta é uma inflamação dos rins que pode ocorrer após a infecção por estreptococos.
Prevenção
A prevenção da escarlatina envolve algumas práticas simples:
- Higiene Pessoal: Lavar as mãos frequentemente, especialmente após tossir, espirrar ou usar o banheiro.
- Evitar Compartilhar Itens: Não compartilhar utensílios, toalhas ou copos com pessoas doentes.
- Isolamento: Pessoas infectadas devem ficar em casa até 24 horas após o início do tratamento antibiótico para evitar a propagação da doença.
- Vacinação: Embora não haja vacina específica para escarlatina, vacinas contra outras infecções podem ajudar a prevenir complicações.
Considerações Finais
A escarlatina é uma doença que, quando diagnosticada e tratada precocemente, tem um bom prognóstico. A educação sobre a doença e a conscientização sobre a importância de buscar atendimento médico podem ajudar a prevenir a propagação da infecção e suas complicações. Se você ou seu filho apresentarem sintomas de escarlatina, procure um médico imediatamente.
Com cuidados adequados e a devida atenção, a recuperação é rápida e a maioria das crianças e adultos se recupera completamente da escarlatina. Manter hábitos saudáveis e uma boa higiene pode ajudar a reduzir o risco de infecções e garantir uma vida mais saudável.
O sinal de Filatov e o sinal de Pastia são sinais clínicos associados à escarlatina: 1- Sinal de Pastia: Linhas ou petéquias avermelhadas que se formam em dobras da pele, como axilas, virilhas, pescoço, pregas do cotovelo e atrás dos joelhos 2- Sinal de Filatov: Palidez perioral, ou seja, palidez na região ao redor da boca .
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM OUTRAS DOENÇAS
O diagnóstico diferencial da escarlatina é importante para distinguir essa doença de outras que apresentam sintomas semelhantes. Aqui estão algumas condições que devem ser consideradas:
1. Faringite Viral
- Causa: Geralmente causada por vírus como adenovírus, coronavírus ou vírus da gripe.
- Sintomas: Dor de garganta, febre, tosse e, às vezes, erupções cutâneas, mas não a característica erupção escarlatinosa.
2. Faringite Estreptocócica
- Causa: Infecção bacteriana pelo Streptococcus pyogenes.
- Sintomas: Semelhante à escarlatina, mas pode não apresentar a erupção cutânea. Geralmente, ocorre febre alta, dor de garganta e linfonodos inchados.
3. Reação Alérgica
- Causa: Exposição a alérgenos, como alimentos ou medicamentos.
- Sintomas: Erupção cutânea, coceira e inchaço, mas geralmente sem febre alta ou dor de garganta.
4. Erupções Cutâneas Infecciosas
- Exemplos: Sarampo, rubéola e outras doenças exantemáticas.
- Sintomas: Febre e erupções cutâneas, mas com padrões diferentes e, muitas vezes, com outros sintomas específicos.
5. Dermatite de Contato
- Causa: Reação a substâncias irritantes ou alérgicas.
- Sintomas: Erupções cutâneas localizadas, coceira, mas geralmente sem febre ou dor de garganta.
6. Doença de Kawasaki
- Causa: Inflamação dos vasos sanguíneos em crianças.
- Sintomas: Febre prolongada, erupção cutânea, conjuntivite e linfonodos inchados. Pode ser confundida com escarlatina devido à febre e erupções.
7. Mononucleose Infecciosa
- Causa: Infecção pelo vírus Epstein-Barr.
- Sintomas: Fadiga extrema, febre, dor de garganta e linfonodos inchados. A erupção cutânea pode aparecer, mas não é característica.
8. Síndrome de Stevens-Johnson
- Causa: Reação a medicamentos ou infecções.
- Sintomas: Erupções cutâneas graves e bolhas, além de febre e mal-estar. É uma emergência médica.
Conclusão
Diante da variedade de condições que podem mimetizar a escarlatina, é essencial realizar uma avaliação clínica detalhada e, se necessário, exames laboratoriais para um diagnóstico preciso. O tratamento e a abordagem dependem do diagnóstico correto, por isso a consulta com um médico é fundamental.
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/https://www.sbd.org.br/nota-tecnica-sbd-escarlatina/