O que é Toxoplasmose Congênita?
A toxoplasmose é uma infecção causada pelo parasita Toxoplasma gondii. Quando uma mulher grávida contrai a infecção, existe o risco de transmissão para o feto, resultando na toxoplasmose congênita, que pode causar sérios problemas de saúde no recém-nascido.
Dra Thaís Costa é médica pediatra há quase 15 anos. É formada em medicina pela UFBA – Universidade Federal da Bahia , fez residência em pediatria no Hospital Irmã Dulce, em Salvador – Bahia. É membro da Sociedade Brasileira de Pediatria . Tem qualificação em Suporte Avançado de Vida em Pediatria pela American Heart Association.
Ao longo de sua trajetória, trabalhou em diversos hospitais públicos e privados , entre eles HGE, Hospital Santa Izabel, Hospital da Cidade, Hospital Tereza de Lisieux, como emergencista e diarista de enfermaria e berçário. Já fez consultório em grandes clínicas conveniadas e ambulatórios do SUS e faz trabalhos voluntário. Hoje atua em hospital e em consultório particular e mantém alguns trabalhos voluntários.
Prevenção Durante o Pré-Natal
A prevenção da toxoplasmose congênita começa no pré-natal. É fundamental que as gestantes façam exames sorológicos para verificar a presença de anticorpos contra o Toxoplasma gondii. Mulheres que não têm imunidade (ou seja, que não foram expostas anteriormente ao parasita) devem ser orientadas a evitar o consumo de carne crua ou mal cozida, lavar bem frutas e verduras e evitar o contato com fezes de gatos.
Quando a mãe apresenta resultado positivo para a sorologia de toxoplasmose durante o pré-natal, algumas medidas são tomadas em relação ao bebê para garantir a detecção precoce e o tratamento adequado, caso necessário. Aqui está o que geralmente ocorre:
1. Monitoramento e Avaliação
- Avaliação da Gravidez: O médico irá avaliar o estágio da infecção na mãe (se é uma infecção recente ou se ela já tem anticorpos há algum tempo).
- Ultrassonografias: Exames de ultrassom podem ser realizados durante a gestação para monitorar o desenvolvimento do feto e identificar possíveis sinais de infecção.
2. Testes Após o Nascimento
Após o nascimento, é recomendável que o recém-nascido passe por alguns exames:
- Teste do Pezinho: O teste pode incluir a pesquisa para toxoplasmose, dependendo das diretrizes locais. Este teste é realizado entre o 3º e o 5º dia de vida.
- Exames Sorológicos: Se o teste do pezinho indicar risco, podem ser realizados exames sorológicos específicos para confirmar a infecção.
- Avaliações Clínicas: O médico pode realizar uma avaliação física para detectar sinais de toxoplasmose congênita, como microcefalia ou anomalias oculares.
3. Tratamento
Se a infecção for confirmada no recém-nascido, o tratamento precoce é iniciado, normalmente com medicamentos antiparasitários. O acompanhamento contínuo é fundamental para avaliar o desenvolvimento e possíveis complicações.
4. Aconselhamento para os Pais
Os pais recebem orientações sobre os cuidados e o acompanhamento necessários para a criança, além de informações sobre possíveis sinais de complicações que devem ser monitorados ao longo do desenvolvimento.
Essas etapas são essenciais para garantir a saúde do recém-nascido e minimizar os impactos da infecção, caso tenha ocorrido.
Exames Pós-Natais e Teste do Pezinho
Após o nascimento, a detecção precoce da toxoplasmose congênita é crucial, as vezes pela ausência do pré-natal o primeiro exame com possibilidade de positivar é o teste do pezinho. O teste do pezinho, que é realizado entre o 3º e o 5º dia de vida, deve incluir a pesquisa para a infecção por Toxoplasma. Caso o teste indique a presença da infecção, exames complementares, como sorologias específicas, ultrassonografia e tomografia, são realizados para confirmar o diagnóstico e avaliar possíveis danos ao sistema nervoso central.
Sintomas e Sinais
Os sintomas da toxoplasmose congênita podem variar, e nem todos os recém-nascidos apresentam sinais evidentes ao nascimento. Os sintomas mais comuns incluem:
- Microcefalia
- Icterícia (amarelão)
- Rash cutâneo (erupções na pele)
- Alterações oculares, como coriorretinite
- Problemas neurológicos, como convulsões
É importante que os pais fiquem atentos a qualquer alteração no desenvolvimento da criança, pois alguns sinais podem se manifestar tardiamente.
Tratamento
O tratamento da toxoplasmose congênita é iniciado assim que o diagnóstico é confirmado. O tratamento geralmente envolve o uso de medicamentos antiparasitários, como a pirimetamina e a sulfadiazina, associados ao ácido folínico. O acompanhamento médico é essencial, pois as crianças podem necessitar de cuidados adicionais, especialmente em relação a problemas oculares e neurológicos.
A toxoplasmose congênita é uma condição que pode ser prevenida e tratada com a abordagem correta. A conscientização sobre a importância dos exames durante a gestação, o cuidado com a alimentação e a vigilância nos primeiros dias de vida podem fazer toda a diferença na saúde do recém-nascido.
– CORIORRETINITE NA TOXOPLASMOSE
A característica mais marcante da coriorretinite causada pela toxoplasmose é a presença de lesões retinianas em “pizza”. Essas lesões se apresentam como áreas de pigmentação e descolamento da retina, muitas vezes com bordas irregulares, e podem ser observadas durante um exame oftalmológico. Além disso, a coriorretinite pode levar a sintomas como visão embaçada, dor ocular e fotofobia. O acompanhamento oftalmológico é fundamental para o manejo dessas complicações.
– COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS NA TOXOPLASMOSE
A toxoplasmose congênita pode causar uma variedade de problemas neurológicos, tanto gerais quanto específicos. Aqui estão alguns dos mais comuns:
Problemas Neurológicos Gerais
- Microcefalia: Desenvolvimento anormal da cabeça, resultando em um tamanho menor do que o normal.
- Convulsões: Ocorrem devido a alterações na atividade elétrica do cérebro.
- Atraso no Desenvolvimento: Dificuldades em alcançar marcos de desenvolvimento motor, cognitivo e da linguagem.
- Hidrocefalia: Acúmulo de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais, que pode levar a aumento da pressão intracraniana.
Problemas Neurológicos Específicos
- Calcificações Cerebrais: Lesões características no cérebro, visíveis por meio de exames de imagem, que podem afetar o desenvolvimento neurológico.
- Alterações Comportamentais: Anormalidades no comportamento, incluindo dificuldades de socialização e problemas de atenção.
- Alterações Oculares: Embora sejam específicas para a visão, podem ter impactos neurológicos, como comprometimento na integração visual e coordenação.
- Síndromes Neurológicas: Algumas crianças podem desenvolver síndromes associadas a danos cerebrais que afetam a função motora e cognitiva.
A gravidade e a natureza dos problemas neurológicos podem variar amplamente entre os indivíduos afetados. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado são essenciais para oferecer suporte e tratamento eficaz às crianças afetadas.
QUAIS SÃO AS POSSÍVEIS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS CAUSADAS PELA TOXOPLASMOSE?
A toxoplasmose congênita pode estar associada a várias síndromes neurológicas, dependendo da gravidade e das áreas do cérebro afetadas. Aqui estão algumas das síndromes mais comuns:
1. Síndrome de Microcefalia
- Caracteriza-se por um tamanho anormalmente pequeno da cabeça, associado a um desenvolvimento cerebral prejudicado. Crianças podem apresentar atraso no desenvolvimento motor e cognitivo.
2. Síndrome de Hidrocefalia
- Envolve o acúmulo de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais, levando a um aumento da pressão intracraniana. Isso pode causar dores de cabeça, problemas de visão e atraso no desenvolvimento.
3. Síndrome de Espasticidade
- Pode ocorrer devido a lesões cerebrais, resultando em rigidez muscular e dificuldade de movimento. Crianças podem apresentar dificuldade para andar ou movimentos limitados.
4. Síndrome de Dificuldade de Aprendizagem
- Muitas crianças afetadas podem ter dificuldades específicas de aprendizagem, que podem incluir problemas de atenção, memória e raciocínio.
5. Síndrome Epiléptica
- Crianças podem desenvolver epilepsia como resultado de danos cerebrais causados pela infecção, levando a convulsões recorrentes.
6. Síndrome de Alterações Comportamentais
- Pode incluir dificuldades de socialização, hiperatividade e problemas de atenção, que afetam a interação social e o desempenho acadêmico.
É importante ressaltar que as manifestações neurológicas podem variar significativamente de uma criança para outra. O acompanhamento médico e terapias adequadas são essenciais para otimizar o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças afetadas.
SAIBA MAIS EM :
/https://drathaiscosta.com.br/3-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-convulsao-febril-em-criancas/
/https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/toxoplasmose-congenita/